terça-feira, 22 de novembro de 2011
UM POINTER NO SÉCULO XVII NUM ESTUDO DE PIETER BOEL – PARTE I
Pieter Boel [1622–1674 - Boel nasceu em Antuerpis e, provavelmente, foi para Itália em 1660 onde terá permanecido oito anos; terá sido Mestre de David Coninck. Regressou para França e, depois de 1668, foi Pintor Oficial [Peintre Ordinaire] de Louis XIV. Em França fez desenhos para a fábrica de tapeçarias de Gobelins], "Dix-sept études de différents chiens", 3º quartel do séc.XVII - Será mesmo que a primeira representação iconográfica do Pointer Inglês foi realizado na corte de Louis XIV?
- Presentation of the oldest or first iconographic representation of the English Pointer or Pointer in a Pieter Boel Study of a Louvre Museum collection
- La première representation iconographic du pointer anglais - c'est un Étude de Pieter Boel procédent du Cabinet du roi et gardée dans une collection du Musée du Louvre?
O Estudo de Pieter Boel, acima referido, fez parte do espólio do Cabinet du Roy [e o Estudo de Boel terá permanecido no segredo rigoroso do rei cuja paixão eram os épagneul? - é improvável, os segredos dos Reis são sempre devassados, por mais medidas de rigoroso controlo que sejam tomadas] conforme notícia da BnF - No registo Napoleon da Bnf vem nomeado como "Des chiens. Etude peinte à l'huile", e nos registos de notícias actuais tem o título de “Dix-sept études de différents chiens”, sendo datado do 3º quartel do séc.XVII. O Cão de Parar procurou mais referências – que o assunto era de respeito - mas até agora não conseguiu encontrar mais menções e estudos sobre este trabalho de Boel.
Continuemos: O cão na linha inferior do quadro, que está a meio em primeiro plano, tem convergência dos eixos longitudinais superiores do crânio e da face igualzinha à de um pointer [além da cabeça, a cauda também é típica do standard actual do pointer].
Interpretação ou LEITURA IMPRESSIONISTA - uma heurística crítica e aberta:
Será que é o pointer mais antigo da iconografia respectiva (1650-1575)? Como é que até agora ninguém tenha dado com este prato de resistência - a substância da forma de naso rivolto, 'dished' face (focinho em prato), focinho arrebitado? Em linguagem que passa por mais precisa e abstractamente rigorosa (além de pretender revelar iniciação avançada na matéria): um cão de eixos longitudinais superiores do crânio e da face formando um ângulo convergente (traço comum apenas dos estalões do Pointer Inglês e do Perdigueiro Português entre os estalões de todas as raças de cães deparar?).
Não terá chegado a Inglaterra no século XVII, mas chegou ou terá nascido e sempre permanecido nos canis de Louis XIV - será uma variação (Darwin) dos mesmos bracos que mais tarde Desportes e Oudry pintaram dos canis do rei de França e Navarra? ou foi visto por Pieter Boel na sua estadia recente em Itália, um cão simo potiusquam adunco rostro, isto é de focinho arrebitado [in, De Canibus et venatione de Biondo, 1544, título: «De Cane Odoro», pág. de verso da numerada VII - citado por Arkwright, The pointer..., 1906, pág. 51], e trazido para os canis do Rei Sol [cioso no tratamento, cuidando ele próprio do dressage e preferindo os seus épagneuls de cauda cortada com tufo em borla na extremidade, marca que nos revela Jacques Bugnion, Les chasses médiévales, 2005, pág. 120, 12] e que Arkwright pode ter confundido com pointers [PLATE V de Desportes, PLATE VI de Oudry, Arkwright The Pointer and His Predecessors...., 1906 - sobre a caça "au chien d' arrêt" dos Bourbon e, particularmente, de Louis XIV, ver: Dunoyer de Noirmont, Histoire de la chasse en France depuis les temps les plus reculés jusqu'á la révolution (Volume t.1), Histoire de la chasse en France... (Volume t.2), Histoire de la chasse en France... (Volume t.3), 1868 - sabendo-se, contudo, que Louis XIV não preferia os braques ou bracos, de que este cão se supõe ser uma variação (Darwin) como já foi dito acima, com tal forma de focinho?]
Na realidade, este cão do Estudo de Pieter Boel que estamos a referir (este Pointer Inglês, que o seja) até poderia ter chegado a Inglaterra muito antes (caso já existisse, claro, embora para alguns, invocando razões, entre as quais a data habitualmente atribuída por muitos autores do aparecimento do Pointer cedo ou tarde no seculo XVIII, possa ser considerado não verosímel - havendo poucos autores que fazem remontar essa data a meio do séc. XVII sem que digam bem porquê), porque eram habituais grandes presentes entre os reis e sabe-se que, apenas menos 50 anos antes do quadro ter sido pintado por Boel, o rei Louis XIII, rei de França e de Navarra, enviou de presente a Jaime I rei de Inglaterra, escreveu Chamberlain a Carleton (1624): 'A French baron, a good falconner, has brought him [the King] 16 casts of Hawks from the French King, wiht horses and settings dogs; he made a splendid entry with his train by torch-light, and will stay till he has instructed some of our people in his kind of falconry, though its costs his Magesty 25£ or 30£ a day' (State papers of James I, Domestic Series, vol. clviii, p. 149, Arkwright, The pointer..., pág. 14) citado também por Dunoyer de Noirmont, Histoire de la chasse en France...(Volume t.2, p. 361, em nota no fim de página).
Agora (espanto!?), o pointer do Estudo Piente Boel pode não ser o mais antigo... os egiptólogos fornecem a representação do pointer mais para nossa reflexão, e o entusiasmo deverá ser moderado, pois há problemas de método a começar com o decalque das representações que não foi repetido nos modelos com o rigor das tecnologias de investigação actualmente disponíveis (sê-lo-à alguma vez?).
O egiptólogo Sir John Gardner Wilkinson publicou em várias obras [entre elas, Manners and Customs of the Ancient Egyptians, including their Private Life, Government, Laws, Arts, Manufactures, Agri-culture, Religion, and Early History ; derived from a comparison of the paintings, sculpture, and monuments still existing, with the accounts of ancient authors. Illustrated by Drawings of those subjects. 5 vols., 1847] a figura de dois cães (que foram publicados em muitos livros) bastante semelhantes a pointers actuais, atrelados a um caçador que transporta uma gazela às costas; são portanto cães usados para correr a caça
[como se pode ver aqui - A Popular Account of the Ancient Egyptians, 1854, pág. 219; W. C. L. Martin, History of the dog, the origin, physical and moral characteristics and principal varieties, 1845, que cita Wilkinson e publica esta figura na pág. 50 do seu livro. No cão em primeiro plano aparece com stop vísível embora não muito pronunciado, as orelhas de inserção alta pendem logo a seguir à linha de inserção craniana, são pequenas e triangulares, podendo dar a ideia de terem sido cortadas; a cauda é idêntica à de um pointer apresentando-se na linha horizontal e um pouco ligeiramente para cima e tem, até, a pequena curvatura a meio característica da sínfise ou junção de duas vértebras, característica patológica que se transmite, mas que embeleza a cauda de alguns pointers;
F. Callaud, Recherche sur les artes et metiers, les usages de la vie civile et domestiqne des anciens peuples de l'Egypte, de la Nobie et de l'Ethiopie ; suvies de details sur les mreurs et coutnmes des peuples modemes des memes contrées,2 vols,. 1837; Pierre Mégnin, Les Chiens et ses races, Tome Premier, Historie du chien depuis les temps plus reculés, l'origine des races et leur classification, 2ª ed., Aux Bureaux de l'Éleveur, Vincennes, 1897 - entre as pp. 40 a 55 trata dos cães da arqueologia Egípcia e, entre várias figuras que apresenta, mostra um caçador com uma gazela às costas, uma lebre pendurada na mão esquerda e um cão atrelado quase sem stop, de cauda pendente um pouco arqueada para cima na extremidade e de orelhas pequenas viradas para baixo logo a seguir à sua inserção lembrando, agora, mais um galgo, pág. 49, fig 12; W. Enos Phillips, The True Pointer and his Ancient Heritage, 1970, pág, XIX, referindo-se ao livro de L. Martin, critica Arkwright "He could hardly have carefully read Martin's work and have overlooked the picture of pointers wich Martin took from Wilkinson's Manners and Customs of Egypt."]
Como todos sabem o tema dos cruzamentos entre tipos e raças de cães pelos mais diversos motivos aparece e permanece na literatura sobre a matéria desde os tempos mais antigos até hoje de modo a que se podem vir a ser estabelecidas tradições histórico-culturais de tipo de "cruzas", a serem encontradas e estabelecidas.
Vou introduzir a questão com uma das abordagens mais conhecida a Barahona de Soto, Diálogos de la montería: manuscrito inédito de La Real Academia de la Historia, 1890, tendo o livro em forma de diálogo entre três personagens (muito provavelmente terminado em 1587 segundo José Lara Garrilho), na pág.472, "...SIL, Y se alguna vez no halllásemos sabuesos tan legítimos, de qué mezcla de perros se podría hacer que fuese buena?
MON. De sabueso legítimo y de perra de muestra, muy castizo cada qual en sú género, pequeños de cuerpo y descarnados y de largo viento. ..."
O Cão de Parar, procura ainda um artigo saído na revista Ilustração Venatória do ano de 1880, que encravou sucessivas vezes nos Bibliotecários solícitos da BnE, que faz o resumo das práticas tradicionais, nesses séculos, de cruzamento de cães por volta do século XVI e XVII na Península Ibérica. Estas questões despertam o maior interesse porque num blog um num grupo de discussão do site www.molosserdogs, foi encontrado um email ou uma posta, que agora não se conseguiu encontrar, assinada Vanvan, Molosser enthusiast México, DF., iherpla@yahoo.com.mx de 21 de Setembro de 2004 (notamos algumas imprecisões no texto do email):
"Mixes of breeds for the hunting in Spain in 1880* - La Illustración Venatoria.
The hunters of Spain, trying to duplicate the breeding of the english, in a magazine named "La ilustración Venatoria" (The hunting illustration), recommended the following mixes for hunting in order to improve the local breeds:
"An spanish hound bitch mixed with a Jato -hunting dog with not specific breed-, produce a game finder dog, use to find the big game in the forests.
The sabueso (Spanish hound) mixed with the galgo (spanish grayhound) and its product crossed with the spanish pointer (Pachón Navarro), produce a bloodhound big game dog, and every fith generation, the blood of the first product mentioned above, most be crossed with this dog to ad nobility to this particular breed.
The sabueso crossed with the galgo and its product with the alano, provides a dog to hunt stalking the game.
An alano bitch crossed with the galgo produce running dogs to chase the deer.
A mastina bitch crossed with the sabueso, and its product again crossed with mastin, produce the running dog for the hog hunting.
A sabueso bitch crossed with a spanish water dog produce a long hair sabueso.
The spanish pointer crossed with the spanish water dog produce the Spaniel.
The product of the galgo with the alano is not a good scent hound, but they do not need to chase by the scent, since they are used as sight hounds, or following the sabuesos on the chase”
No Cão de Parar de 7 de Julho foi editado o raríssimo livro (apenas 300 ex.) G. de Marolles, "Chiens de Faucon Chiens d'Oysel Chiens d'Arrêt, 1922, que na pág. 35 e em todo o seu livro, se mostra muito crítico e contra estas práticas de tradição histórico-culturais de tipo de "cruzas" na Espanha dos séc.XVI e XVII - uma das suas teses centrais é a da incompatibilidade entre o chien courant e o chien d'arrêt, da qual foi feita a revisão crítica curta, talvez abrupta para não surgir excitação na mão (ou, então, como disse e muito bem Chico Buarque na canção, mas não truculenta), por respeito ao adversário, na posta.
Também aqui, no Cão da Parar, a 2 de Junho de 2010, LIMIER – ENTRADAS NO LIVRO DE JACQUES BUGNION transcrevemos do blog Pointer Valdeorrass de 18 de mayo de 2010, por altura da morte do autor de Les chasses médiévales,2006, a posta JACQUES BUIGNION "DE LA LEMBAZ" a «Carta de Georges Bugnion a Pino de La Torre» , 12 abril de 1993, sobre selecção de reprodutores que gerem cães campeões nas provas de Trabalho (de Primavera) portanto sobre cruzamentos na mesmo raça, e para a qual remetemos.
Somos livres de pensar e de escorregar na ideia de que o Estudo de Pieter Boel poderá ter sido feito acompanhado de folhas onde sejam explicados os cruzamentos entre os cães para funções definidas, incluindo, se assim o entendermos, também o pointer a meio da linha deitado e em primeiro plano - é muito importante reparar, com toda a atenção, para onde é que os cães do Estudo de Pieter Boel estão a olhar e para onde é que o seu corpo está virado, bem como para que sítio apontam. Tal escrito pode ter-se extraviado. Ambos podem ter sido feitos em duplicado, claro, e se tivesse sido assim, seria de pôr a hipótese de que talvez tivesse acontecido algum acto de espionagem e não um simples furto - isso não pode, não pode repito, ter acontecido!...
Além do pointer há dois cães que queria abordar: O cão grande à sua direita preto e branco, que me parece parecido com a gravura do Spanish Poinder de Scott, segundo Reinagle, publicado por Taplin, The sportsman's cabinet (Volume v.2), entre as págs 124 e 125; John Scott, John Lawrence, The sportsman's repository, 1845, entre as págs. 114 e 115; Arkwright, The pointer and his predecessors, 1º ed. 1902, fig. entre as págs. 104 e 195
[Gravura colorida de Scott, segundo Reinagle, «Spanish Pointer» colorida à mão - ver a codorniz no canto inferior esquerdo da gravura]
O segundo, é o cão grande que está logo atrás deste de cor tom de acastanhado que, se tiverem muito boa vontade e considerarem a ligeira elevação na linha superior do pescoço que se nota bem, pode ser uma coleira muito larga, este cão poderá ser um corpulento limier [muitos anos depois - da ordem dos 150 anos - ainda apareciam representações iconográficas semelhantes como no Traité général îles chasses, 1927]
[Collaborateurs du Traité général îles chasses. Dédié à M. le Marquis de Lauriston, Paris, 1827, Éditeur Rousselon, Planche Limier]
Utilizavam-se cães de aspecto e tipos morfológicos muito diferentes consoante a espécie do animal que era caçado e, mesmo, para a mesma espécie que era caçada no processo de caça dito de veneria (Normanda) desde que fossem aptos para desempenhar as funções de limier (habitualmente um cão lento) e a dressage respectiva [O Cão de Parar publicou a 14 de Junho de 2010, uma posta "O LIMIER", em que os dois cães espantosamente tinham morfologia de Pointer, "dished face"ou "naso rivolto", mas a cauda era arqueada, côncava para cima, e os orelhas compridas embora a implantação não fosse baixa - a forma do pointer do Etude de Boel, permanecia no canil de Versailles]
[Jean-Baptiste OUDRY, "Le Roi tenant le limier", 1728.(Louis XV)]
O cãozinho do canto inferior direito é uma beleza - não me vou adiantar, mas não deixo de pensar que por reflexo condicionado automático alguns leitores imaginem que seja o antepassado do Perdigueiro Português, pese embora o ainda recente, mas completamente assumido pelos comandados, comando do dr. António Cabral de que já devesse ser amarelo com algum branco, com estas cores da pelagem a caírem bem combinadas e com o amarelo a predominar... não é que eu geral seja contra os reflexos condicionados, mas aqui dou um toque de alerta...
Este cãozinho parece estar a olhar muito tranquilo para o pintor, mas está muito seguro, que pode parecer que está quase "para lhe cair com os olhos em cima”, “para lhe pôr os olhos em cima" - está (como dizem os Ingleses) "making eyes", para exercer o "pouvoir de l'oeil" - a Boel que está a desenhar ou a pintar o seu Étude, poder que, actualmente, em trabalho reservado ao Border Collie... com o qual este cãozinho não terá que ter nada a ver, claro - estamos a falar doutro poder totalmente diferente na formação do pointer, o que está em causa é o poder de paragem.
Os dois cães mais pequenos no canto do quadro, brancos com orelhas, cabeças e pequenas manchas no corpo, por vezes quase pontuais, acastanhadas serão bracos de corpulência média ou média pequena, um(a) virado(a) e a olhar sentada e atenta para os cães de correr, outro(a) para os cães de parar, este(a) deitado(a) a galá-los disfarçadamente e a olhar o pointer pelo canto do olho e para o cão parecido com o Spanih pointer de Scott, segundo Reinagle... é o que posso pensar tendo em conta o Mixes of breeds for the hunting in Spain ..., a citação acima de Barahona de Soto, de Sélincourt sobre as cães de arcabuz e dos autores Franceses do século XVIII de pequenos manuais de ensino do chien d'arrêt e Biffardière, Antoine Gaffet (de la Briffardière) et Chappeville, Nouveau traitée de Vénerie, pág. 138, 1750 e Desgraviers, Essai de vénerie ou L'art du valet de limier, [1784], 1810, pág 136, Magné de Marolles, La chasse au fusil, 1788, vol 2, pág 180, ainda, "bracco" o cão preferido de Olina para a caça com rede (chasse à la tirasse), "caccia col bracco a rete", "bracco da rete", Olina, Uccelliera, overo discorso della natura e propieta di diversi uccelli e in..., 1622. Mas não só este autores, também Buffon, do lado da ciência, Georges Louis Leclerc de Buffon, Histoire naturelle, générale et particulière, vol 2, pág. 548, aborda do mesmo modo que os autores acima citados: "Trois espèces sont propres à cette chasse, le braque, l'épagneul, et celui que les chasseurs appellent griffon : c'est un chien métis à poil long et un peu frisé, qui tient du barbet et de l'épagneul. Le braque est plus brillant et plus léger dans sa quête ; niais la plupart de ces chiens craignent l'eau et les ronces; au lieu que l'épagneul et le griffon..."
NO CAMINHO DA GENÉTICA MOLECULAR - um ícone da Genética Molecular Canina
Na verdade, estamos hoje virados para esta área no que respeita a evolução, transformação, datações, cruzamentos, migrações, etc., e, nesse sentido, para a "desocultação" da mensagem cifrada expressa no Étude de Pieter Boel, "Dix-sept études de différents chiens", do 3º quartel do séc. XVII, que pelo seu conteúdo não só podia ser adoptada como símbolo para a Genética Molecular do cão, como também promete trazer alterações muito significativas nas concepções actuais do origem do Pointer nos séc. XVII e XVIII - num espaço de tempo muito curto, mas enfim … nas dificuldades, na crise epistemológica, digamos, é claro ... todos nos viramos para a Genética Molecular.
Por dever de gentileza, que se pode tornar uma maçada por incentivo de bem querer informar, deixo aqui referencias bibliográficas, três da quais (a 1º, 3ª e 4ª) se encontram nas duas últimas monografias do Perdigueiro Português:
W. Arkwright, The pointer and his predecessors, 1º ed. 1902; um cap. do livro de James Watson, "The dog book", 1906; W. Enos Phillips, "The True Pointer and his Ancient Heritage", 1970; Felice Steffenino, "Il Pointer Moderno", 1987 - o 1º e este 4º e último livro revêem com bastante minúcia os argumentos em favor do cão português na origem do Pointer.
Dr. Louis Merle, "De l'origine du Pointer et de la fixation de son type. Essai historique et critique" e Robert Martineau, "Contribuition à l'éclaircissement d'une vaisemblance", in: FIELD-TRIALS, Bulletin de l' Amicale des Amateurs de Field-Trials, Nº 6 - Juin, 1966 [e que saíram em separata] - usarão, eventualmente, standard (que é um normativo) e a noção de tipo, levando, sem o quererem, por vezes a alguma confusão. Pode fazer-se uma ideia da noção de standard e de tipo aqui, SOCIETE CENTRALE CANINE POUR L'AMÉLIORATION DES RACES DE CHIENS EN ..., CHAPITRE VII NOTIONS DE STANDARD ET DE TYPE RAYMOND TRIQUET... e rever rapidamente a noção de tipo em Bugnion, "Les chasses médiévales", 2006, "La typologie", p. 137: "Selon le P. Dechambre, le type d'un chien se conçoit comme un modèle théorique indépendant de toute idée de filiation. A l'opposé le concept d'espèce implique la transmission des caractères distinctifs par les mecanismes de l'hérédité et de selection". Portanto, estes dois conceitos confundem-se e ultrapassam as próprias barreiras quando surgem problemas com a necessidade de retempera duma raça, de ascendência, descendência e origem da raça, surgimento de doenças que provocam alterações morfológicas, etc.
Refira-se que P. Dechambre - provém duma eminente linha de professores de Zootechnie, que começou em Baron e que durou até aos anos 30 do séc. passado, prolongando-se até Guiseppe Solaro, "Il Pointer (Le Pointer) Disegno di descrizione dei caratters etnici" (text in French and Italian), 1953 - desenvolveu muito o estudo da morfologia animal e criou a noção de type morfológico, o que tem sido até hoje frutífero, muitos anos antes de Genética Mendeliana se ter implantado em França, muito lentamente, como se pode ver em Bernard Marty, "L'hérédité pour les zootechniciens français de la second moité du XIXe siècle", Bull. Hist. Épistém. Sci. Vie, 2006, v. 13, (1), 57-87.
O Cão de Parar, navegando na sempre esquecida interdisciplinaridade, recorrentemente consulta Raymond Coppinger & Lorna Coppinger, "Dogs: A New Understanding of Canine Origin, Behavior and Evolution", 2001 (2002), etc, e não pode deixar de lembrar um dos melhores exemplos - ARCHIVO IBEROAMERICANO DE CETRERÍA, mandado traduzir por Afonso X para o seu Livro de la Montería, precisamente no que diz respeito aos cães, como podem saber, conhecido simplesmente por Maomin, agora Muhammad ibn Abd Allah ibn 'Umar al-Bayzar, Libro de los animales que cazan.
Pelo propósito dos trabalhos seleccionámos o mesmo trabalho em que está envolvida Ana Elizabete Pires em duas línguas... a coisa é grave...
Sabendo da importância dos trabalho dos especialistas desta área com os cães portugueses é fácil fazer a lista a partir das bibliografias da autora escolhida, mas bastará pesquisar no Gogle “molecular genetics”, “dog” ou “dogs” (com o duplo sentido desta palavra que por vezes provoca zebra) e os especialistas portugueses aparecem lá - não se deve pensar que foi a Foto Gallery do seu site que tornou a escolha inevitável - digo, a interpelação inevitável.
Assim:
Molecular structure, Sloughi, Aidi, Portuguese dogs The same breeds of dogs were characterized using 16 microsatellites and 225 Amplified ... Perdigueiro Português (Portuguese Pointer) © Lilian Zuurendonk; Structure moleculaire Sloughi, Aidi, chiens portugais C'est la première fois que des microsatellites et des marqueurs AFLP sont utilisés.... Perdigueiro Português (Pointer portuguais) © Lilian Zuurendonk; Ana Elisabete Pires Home - não esquecer a Photo Gallery (e o Cão de Parar a dar-lhe! mas não deixo oportunidade ao teclado de apagar!). Poder-se-ia dizer mais... e também sobre o "Perro" de Goya único quadro solitário numa das parede enquanto nas outras paredes da casa do surdo há vários [Versión extendida: toda la reconstrucción en 3D de la Quinta del Sordo] - o preferido, no que respeita à representação artística dum cão de parar como caçador, tal como Goya que preferia caçar como disse nas carta ao seu amigo e, para que se saiba, um atirador de alto gabarito, com grande gosto por vinho e degustações, fosse o que fosse de caçadores, bem como conhecia bem o teorema de Bernoulli e o Efeito de Venturi e, por isso, foi não só capaz de muito bem compreender o tiro no interior dos canos da caçadeira, como ser o pintor genial que toda a vida manteve o tique de não apagar um traço ou uma pincelada, sendo o primeiro a pintar o vento, por sinal, num quadro [La nevada, 1786] com tema de caça humorístico até matar e compreensível só para cúmplices versados e combinados na jogada - o que se devem ter rido e comentado no almoço ou no jantar antes de ser entregue a encomenda.
[ver AQUI - Museu Nacional do Prado]
[em continuação]
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