segunda-feira, 14 de junho de 2010

O "LIMIER"


"LIMIER" [fr.], "limer" [lymer ou 'leash-hound’cf. W. Arkwright], ou "blooded le chien de chasse", cão de caça.

O "limier" é um cão lento de busca curta, discreto, que preferencialmente faz a busca de nariz no chão para não abandonar (nem temer) a pista [cf. Arkwright], é um cão altivo, corajoso. É conduzido à trela (sempre silenciosamente) pelo "Valet de limiers" que o escolheu, trabalhou e ensinou (e o defende, mesmo, intervindo se existir algum perigo). O nome de "limier" está associado ao seu particular ensino e função e não a qualquer tipo especial de raça ou mesmo qualidade.

O trabalho e ensino [bem especial] do "limier" é, por isso mesmo, completamente diferente do que é feito com o "chien couchant" ou do "chien d'arrêt". E não deve ser confundido. Na sequência da busca, o "limier" lança-se (carrega) sobre a presa (veado, javali, urso), não esperando pelo seu "condutor". Não é por acaso que nas gravuras em que se representa o "limier" [que tem sempre uma grande e larga coleira, por vezes ornamentada] e o seu "Valet", este último é figurado parado para que se entenda que o "limier" vai a "carregar".

Na gravura de Lucas Cranach "O Velho, que aqui postámos, e onde Jorge Rodrigues vê "um perdigueiro português de mostra", é evidente estar-se na presença de um "limier", onde se pode observar o "reparo" do "Valet" [a trela está esticada] para que o cão retome a pista. Curiosamente, o "Valet" olha para outro lado que não a [pista] que o cão segue, daí o puxar da trela para que o cão compreenda o engano. [voltaremos ao tema]


[Alguma] Bibliografia a consultar:

- Arkwright (William) – "The Pointer & His Predecessors", 1903
- Bugnion (Jacques) – "Les Chasses Médiévales", Infolio, 2005 [ver, em especial, a descrição iconográfica feita à “La Broderie de Bayeux”, p.116, e as pp.137-38]
- Desgraviers (Éléonor et Auguste Leconte) – "Art du valet de limier, avec la manière la plus simples de dresser un chien de plaine", Paris, Prault, 1784,..., 1786] [com várias edições e diferentes títulos]
- D'yauville (M.) – "Traité de Venerie", 1788
- Gaffet de la Briffardière (Antoine) - "Nouveau Traité de Vénerie”, Paris, Mesnier, 1742
- Jacques du Fouilloux – "La Venerie", Poitiers, 1561.
- Le Couteulx de Canteleu (Jean-Emmanuel Hector) – "Manuel de Vénerie Française", Paris, 1890
- L'Encyclopédie de Diderot & d'Alembert, 1758 [ver entrada "Chien"]
- Marolles (G. de) – "Chiens de Faucon Chiens d'Oysel Chiens d'Arrêt", Paris, 1922

FOTO: Jean-Baptiste OUDRY, "Le Roi tenant le limier", 1728.

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