domingo, 27 de junho de 2010

LA VÉNERIE – JACQUES DU FOUILLOUX


Jaques Du Fouilloux - "La Vénerie, précédée de quelques notes biographiques et d'une notice bibliographique", Angers, Charles Lebossé, 1844" (digitalizado, clicar)

La Vénerie [Poitiers, Marnefz, & Bouchetz Freres, 1561, 1ª ed. - ver AQUI digitalizado a edição de 1601] é uma das mais estimadas e valiosas peças bibliográficas, lexicográficas e historiográficas sobre a (arte) caça – revelando, descrevendo e decifrando a sua complexa organização social e logística, rituais, etc. –, é um tratado clássico notável, apreciado e de grande interesse (e raridade) para a história venatória e naturalista, pelo que foi reimpresso ao longo dos tempos inúmeras de vezes.

É aceite que durante um século La Vénerie domina (em França – cf. Remigereau) e enriquece, a vários respeitos (ex. lexicografia francesa da renascença), o debate sobre o tema, até ao aparecimento da obra de Robert de Salnove, La Venerie Royale (1655), que aliás tinha intenção de renovar a obra primorosa de Du Fouilloux [não é indiferente (já então) as alterações surgidas no sistema económico e social medieval e que, como é obvio, tiveram efeitos na prática e arte da caça. Não por acaso a Cetraria cai, a partir daí, em desuso].

Tal a valia e a curiosidade dos textos de Du Fouilloux que estes foram, de imediato, traduzidos e incorporados nos mais estimados manuais de caça de diferentes países, pelo que a ele lhe devem a inspiração e o apreço. Em Inglaterra, p. ex., é referido e citado extensamente [mesmo capítulos completos são totalmente transcritos] ou traduzido: temos o caso de George Turberville [Book of Hunting (i. é, The Book of Faulconrie or Hawking and the Noble Art of Venerie), 1575; reimp. em Oxford, 1902], Thomas Cockaine [A Short Treatise of Hunting, 1591; outra ed. London, 1932], Richard Surflet (1600), Nicholas Cox [The Gentleman Recreation, 1674]. Foi também La Vénerie traduzido para alemão (1590) e italiano (1621).

[à volta da tradução e incorporação de La Vénerie para o inglês, e a sua utilização nos manuais e tratados cinegéticos ingleses, o debate e conflitualidade que existe (mesmo que, por vezes, a especificidade da sua temática possa ser outra), consultar (p.expl.) a entrada de Peter Downey, "Sir Tristrams Measures of Blowing, Jacques du Fouilloux, and the English Hunting Horn Repertory of the Baroque Era”; ou ainda "La vénerie Por Jacques Du Fouilloux,Jacques Élie Manceau de Boissoudan,Jean François Pressac".

De referir, curiosamente, que Arkwright cita a obra de Du Fouilloux a partir da tradução [muito atribulada, porque incorrecta e por vezes com surpreendente censura] feita por George Turberville (1575). Assim sendo não é possível evitar alguma estranheza pela inadvertência da sua consulta (e leitura) à fonte primeva francesa. Refira-se que Turberville, ao traduzir (de Du Fouilloux) o termo "limier", utiliza a palavra "bloodhound", preferindo-o a "limer", então tornado "arcaico". Do mesmo modo, quando Du Fouilloux se refere ao "chien-gris", Turberville traduz por “dun-hound”. Ora a confusão entre os vários termos utilizados permitem diferentes leituras e suspeitosas interpretações]

[sobre Du Fouilloux, consultar (ainda)"Jacques Du Fouilloux et la seigneurie de Bouillé (1390-1781)"]

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